Probióticos, prebióticos e COVID-19
Pacientes com COVID-19, causada por SARS-CoV-2, exibem diversas manifestações clínicas e de gravidade, incluindo envolvimento entérico. As bactérias comensais do intestino podem contribuir para a defesa contra patógenos potenciais, promovendo interações imunológicas benéficas. As intervenções direcionadas ao microbioma intestinal podem ter efeitos antivirais sistêmicos na infecção por SARS-CoV-2.
O trato gastrointestinal (GI) é o maior órgão imunológico do corpo e abriga trilhões de micróbios. A ligação entre o trato GI e a COVID-19 foi apoiada por relatórios de sintomas GI, como diarreia em pacientes COVID-19. Os microrganismos que residem no intestino humano são contribuintes importantes para o metabolismo e a imunidade do hospedeiro e representam alvos potenciais para novas terapêuticas. Em janeiro de 2020, a Comissão Nacional de Saúde da China e as Diretrizes da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa recomendaram o uso de probióticos junto com o tratamento convencional em pacientes com infecção por COVID-19 para melhorar o equilíbrio da flora intestinal e prevenir infecções bacterianas secundárias.
Até o momento, a justificativa para o uso de probióticos em COVID-19 deriva principalmente de evidências indiretas. O entendimento atual é que o microbioma intestinal (referido como os genomas coletivos da microbiota diversa que reside no trato gastrointestinal dos humanos) pode tanto regular quanto ser regulado por vírus invasores, facilitando tanto os efeitos estimuladores quanto os supressores. Algumas bactérias comensais do intestino podem contribuir para a defesa contra patógenos potenciais, comunicando-se com células humanas e promovendo interações imunológicas benéficas. Isso representa um mecanismo pelo qual a exposição a micróbios da dieta, incluindo probióticos ou prebióticos, pode impactar positivamente a função imunológica durante infecções.
Foi relatado que vários probióticos, incluindo Bacillus, Lactobacillus, Bifidobacterium, têm atividade imunológica positiva contra infecções comuns do trato respiratório superior, via aumento da atividade das células Natural killer, aumento das células T supressoras ou T helper, diminuição dos linfócitos B, aumento das concentrações de IgA na saliva, aumento dos níveis da produção da IL-10 e aumento do interferon-alfa. Já os prebióticos, fornecem a energia para o crescimento dos probióticos.
Estratégias nutricionais e dietéticas, direcionadas a restaurar a microbiota benéfica estabelecida, que podem suprimir a infecção viral em idosos e naqueles com problemas de saúde subjacentes, podem ser uma estratégia eficaz para mitigar os efeitos indesejáveis desse vírus.
Referências:
Hu J, Zhang L, Lin W, Tang W, Chan FKL, Ng SC. Review article: Probiotics, prebiotics and dietary approaches during COVID-19 pandemic. Trends Food Sci Technol. 2021 Feb;108:187-196. doi: 10.1016/j.tifs.2020.12.009. Epub 2020 Dec 14. PMID: 33519087; PMCID: PMC7833886.