Antocianinas e seu papel na prevenção de doenças neurodegenerativas

As antocianinas são uma grande subclasse de flavonoides, amplamente distribuídos em frutas e vegetais na dieta humana. Dentre os flavonoides, as antocianinas têm ganhado destaque, principalmente por sua elevada ingestão em humanos e sua reconhecida atividade antioxidante e anti-inflamatória, entre outras, tornando-se agentes promissores para prevenção e tratamento de distintas condições patológicas, como doenças cardiometabólicas, câncer, deficiência visual e doenças neurológicas.

A neuroinflamação desempenha um papel crucial no desenvolvimento de muitos distúrbios cerebrais, e os dados coletados de estudos in vitro e in vivo mostraram que as antocianinas podem reduzir significativamente o estado inflamatório crônico em tais condições patológicas. Por esse motivo, as antocianinas surgiram como potenciais agentes neuroprotetores da dieta para doenças cerebrais.

O potencial valor terapêutico das antocianinas para retardar a progressão da Doença de Alzheimer foi explorado. Na verdade, estudos prospectivos analisaram o impacto da ingestão de flavonoides na disfunção cognitiva em adultos mais velhos, mostrando que o declínio cognitivo diminui com o aumento na ingestão de berries em mulheres mais velhas. Além disso, o consumo de morangos e outros alimentos ricos em flavonoides pode diminuir o risco de demência de Alzheimer.

Um número substancial de estudos explorou a potencial atividade neuroprotetora de flavonoides de ocorrência natural, incluindo antocianinas, no início da Doença de Parkinson (DP). Consequentemente, um estudo prospectivo revelou que o menor risco de desenvolver DP em humanos foi associado a uma maior ingestão de antocianinas, particularmente em homens.

Alguns estudos demonstraram o papel potencial das antocianinas, na redução da suscetibilidade ao AVC isquêmico devido ao seu papel neuroprotetor. Um estudo prospectivo em humanos adultos revelou que uma maior ingestão de antocianinas contribuiu para uma diminuição da pressão arterial, resultando em uma redução de cerca de 12% na propensão para hipertensão, um fator de risco bem conhecido para acidente vascular cerebral.

Até o momento, a maioria dos trabalhos que objetivam estudar o potencial das antocianinas na prevenção e tratamento de distúrbios cerebrais tem feito uso de extratos ricos em antocianinas, geralmente obtidos de frutas, vegetais ou bebidas ricas em antocianinas. No entanto, os extratos polifenólicos contêm uma infinidade de micronutrientes bioativos, incluindo outros compostos fenólicos, além das antocianinas, que também podem contribuir para a prevenção ou melhoria de doenças.

Mais pesquisas adicionais na formulação de antocianinas podem ser úteis para alcançar uma liberação controlada e direcionada desses compostos, aumentando substancialmente sua biodisponibilidade e seu potencial papel terapêutico.

Referência:

Henriques JF, Serra D, Dinis TCP, Almeida LM. The Anti-Neuroinflammatory Role of Anthocyanins and Their Metabolites for the Prevention and Treatment of Brain Disorders. Int J Mol Sci. 2020 Nov 17;21(22):8653. doi: 10.3390/ijms21228653. PMID: 33212797; PMCID: PMC7696928.